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Josiane Ferreira – Psicanalista

Coisas da infância que levamos para a vida

Neste artigo falaremos sobre a relação entre pais e filhos e sua influência na saúde emocional até a vida adulta.

Sabemos que não existe uma receita pronta e definitiva do que fazer e do que não fazer em relação aos filhos, mas a psicanálise nos dá pistas de coisas que seriam importantes para a formação da saúde psíquica do indivíduo.

Individualismo, imediatismo, impulsividade e baixa tolerância à frustrações são muito comuns na sociedade atual, e por que isso acontece?

Quando um bebê nasce, ele entende que há uma simbiose entre ele e a mãe, semelhante ao meio intrauterino, em que a mãe é vista como uma extensão dele próprio.

Se ele chora por que está com sono, fome, dor ou por qualquer outra demanda, logo será atendido.

Freud em “Introdução ao narcisismo” (1914), usa o termo “Sua Majestade o Bebê”.

Com o nascimento do bebê geralmente nasce também um desejo dos pais de poupá-los de todo sofrimento que ele possa vir a ter.

 

Mas será que isso é possível?

E mesmo que fosse, quais seriam as consequências?

Fazer e dar tudo que e quando a criança quer, pode gerar um sentimento de que a função das pessoas é servi-la.

Ela também não apenderá superar sentimentos de raiva e frustração, e na vida adulta, quando inevitavelmente isso acontecer ela não estará preparada para lidar, por exemplo, com um rompimento amoroso, uma demissão, etc.

É importante deixar que a criança tenha suas próprias experiências, para que desenvolva autonomia, responsabilidade, autoconfiança e independência emocional.

 

O que fazer?

  • Fale não quando necessário e explique os motivos.
  • Ensine sobre limites, e que suas ações têm consequências.
  • Dê autonomia e responsabilidades de acordo com a idade: Exemplo: se vestir, tomar banho, comer, guardar os brinquedos, arrumar a cama, etc.
  • Se interesse sobre o que a criança pensa e sente.
  • Demonstre afeto (sentir não basta): Abraçar, beijar e colocar em palavras o que você sente.

 

O que não fazer?

  • Na medida do possível as crianças devem aprender a resolver seus problemas, para que elas saibam como agir quando os pais não estiverem lá para resolver.
  • Não comparar com os irmãos. Lembre-se cada um tem suas habilidades e este tipo de comparação desperta o sentimento de inferioridade, falta de auto confiança e prejudica o relacionamento entre os irmãos.
  • Abandonar: Abandono afetivo, material e intelectual.

 

Exemplos de abandonos: Não dar atenção à criança, não se preocupar com alimentação, higiene, educação, xingamentos, palavras ásperas, críticas constantes.

O abandono, em qualquer âmbito, faz com que a criança tenha dúvidas sobre o merecimento de ter amor e sucesso. Ela imagina que a culpa é dela, que ela deve ser ruim, já que foi abandonada por pessoas que deveriam amá-la e protegê-la.

Vale ressaltar que quando o pai/mãe diz que a criança é burra, ou incapaz, ela cresce com esta certeza, por isso quando for fazer algum apontamento, fale sobre a atitude e não sobre a criança em si.

Alguns comportamentos que podem ocorrer por situações de abandono que se iniciam na infância e vão até a vida adulta:
  • Desconfiança generalizada
  • Necessidade de agradar os outros o tempo todo
  • Ciúmes e possessividade
  • Carência
  • Incapacidade de lidar com as emoções e grandes variações de humor
  • Dificuldades para lidar com imprevistos e desafios
  • Promiscuidade
  • Falta de amor próprio, baixa autoestima
  • Busca infinita por algo ou alguém para preencher o vazio
  • Depressão e ansiedade

 

Estes foram apenas alguns exemplos de comportamos a serem reforçados e a serem evitados.

A maneira que fomos criados não é fator decisivo no que seremos, mas às vezes agimos e sentimos certas coisas que não sabemos explicar, e isso pode realmente estar diretamente ligado às experiências infantis e na relação familiar.

Por isso, cuidemos de nossas crianças, para saibam a lidar consigo e com o mundo.